Ao contrario de muitos estudos que buscam reflexões em teorias macro-explicativas, o trabalho desta autora, busca a compreensão dos conjuntos de traços culturais e políticos dos mineiros, muitas vezes chamados de mineiridade, nas questões regionais de surgimento deste mito.
Segundo a autora, seu estudo caminha para a reflexão sobre as visões de minas, interpretações que saem de meras expressões culturais produzidas regionalmente, e engendram no caráter nacional em momentos de transição. Nestes momentos, são reconhecidas as qualidades essenciais destes poderosos parceiros políticos, os mineiros, características como bom senso, moderação e equilíbrio. Virtudes que davam aos políticos mineiros uma cultura política própria, concedendo um forte traço aos provenientes da região.
Para compreender estas características, Arruda busca vislumbrar a concepção de identidade, e ver como esta temática foi tratada no meio acadêmico, pois no auge da formação do Estado nacional brasileiro, este tipo de estudo particular fica a margem nos panoramas da literatura acadêmica.
Segundo Fernando Henrique Cardoso, citado por Arruda, o pensamento político pode ser caracterizado desde o século passado, e dividido em duas vertentes: uma que vê o Estado como fundamental para a organização das classes, e outra que acredita ser o estado resultado da base do poder que seria as oligarquias.
Maria Arminda do Nascimento Arruda, procura a gênese do fenômeno mítico da mineiridade em conjunto com a construção da identidade.
O objeto de estudo do trabalho da autora, a reflexão sobre a identidade cultural dos mineiros e a compreensão sobre a formação do mito da mineiridade, caminham em uma única discussão, não vê somente a dimensão do poder ideológico da elite mineira, na elaboração de estratégias na forma de agir local e nacionalmente. Esta obra busca ver como esses políticos exprimem seus sentimentos, no que concerne o que é ser mineiro.
Desta forma a autora, procurou nas obras literárias produzidas pelos intelectuais mineiros, compreender os que vivem a mineiridade, articulando estas falas com o que seria o mito da mineiridade.
Para que tal objetivo se concretizasse, a obra estabeleceu conexões entre as obras literárias e a história de onde originam. O esclarecimento do conceito de mito foi necessário, pois os mitos para a autora dão material para a elaboração das identidades culturais, caracterizados por exprimir a coerência da fala sobre o real, diz arruda (...) o mito é uma fala escolhida pela história ... E a história a verdadeira atribuidora, então, de significados aos mitos.
A explicação mítica da obra, e distinta da obra de Renato Ortiz, que separa mito e identidade. A obra de Arruda busca a junção de ambos conceitos, procurando ver nexos entre a criação da mineiridade e a forma como é identificada.O conceito de identidade é tratado pela autora como traços sociais da realidade que são incorporados pelos agentes da sociedade.
Os documentos usados, as literaturas produzidas pelos intelectuais mineiros, dão subsídios para perceber a dinâmica dos componentes que negam a identidade, e ao mesmo tempo trazem questionamentos sobre a noção de identidade.
Por outro lado, a autora tenta dar conta das particularidades de cada obra produzida, onde podemos ver que alguns exemplos são puro saudosismo, enquanto outros são belas obras literárias, movidas pela sacralização e lembranças da terra (Minas).
Outros documentos utilizados são os relatos dos viajantes, que são à base da interpretação do Brasil, segundo a obra, e, por conseguinte fundam os pilares da mineiridade, sendo que estes viajantes foram responsáveis pela recomposição do passado mineiro.
Assim a obra não tem como foco principal, a dimensão política da ideologia da mineiridade, e a influencia destas ideologias nas estratégias políticas, como fez o estudo de Otavio Dulci. Em Mitologia da Mineiridade, estas expressões, ou seja, as ações dos políticos mineiros combinavam memórias e alusões ao passado com um novo e original discurso, onde a maior das originalidades de discurso dos intelectuais mineiros residiriam na literatura produzidas por estes, e na obra analisadas pela autora.
Referências Bibliográficas
ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. Mitologia da mineiridade. São Paulo: editora Brasiliense, 1990.
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Mitologia Da Mineiridade publicado 23/02/2007 por Wellington José Campos em http://www.webartigos.com
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